Ambipar entra em proteção judicial e risco de piora financeira

Ambipar entra em proteção judicial e risco de piora financeira

set, 26 2025

Você acompanhou a Ascensão da Ambipar nos últimos anos e agora se vê diante de uma reviravolta inesperada: a empresa pediu proteção judicial contra credores. O pedido foi protocolado em 25 de setembro de 2025 e inclui a controladora, a Ambipar Participações e Empreendimentos S.A., e a ESG Participações S.A., além de todas as filiais que atuam em serviços de emergência ambiental.

Como chegamos até aqui?

Para entender o que desencadeou o pedido de insolvência, é preciso olhar para dois pontos críticos. Primeiro, a dívida com o Deutsche Bank, que se transformou num impasse jurídico. Segundo, a rápida expansão da empresa, que hoje oferece serviços em 41 países e divide suas operações em seis unidades de negócio: resposta a emergências, combate a incêndios, resposta marítima, assistência médica, resposta industrial e resposta ambiental.

Essas áreas, embora rentáveis, exigem investimentos constantes em equipamentos de alta tecnologia, treinamento especializado e manutenção de bases operacionais espalhadas pelos continentes. Quando a empresa começou a sentir o aperto do caixa, a pressão dos credores aumentou, culminando na decisão de buscar a proteção judicial.

A empresa ainda conta com um alívio temporário: em 24 de setembro de 2025, o juiz concedeu uma liminar que suspende, por enquanto, as execuções contra a controladora e suas subsidiárias. Essa medida dá um fôlego para a diretoria reorganizar suas finanças, mas não garante nada a longo prazo.

O que isso mexe no seu bolso e no mercado verde?

O que isso mexe no seu bolso e no mercado verde?

Se você tem ações da AMBP3, a primeira reação natural é a preocupação. A proteção judicial costuma levar a uma queda abrupta no preço das ações, já que investidores passam a temer a perda total do capital. Além disso, o índice de sustentabilidade da B3, que incluía a Ambipar como a primeira empresa privada mexicana com ações verdes, pode sofrer ajustes.Mas não é só o preço da ação que está em jogo. A própria reputação da Ambipar como referência em soluções ambientais está sob escrutínio. Até pouco tempo atrás, o Vice‑Presidente de Sustentabilidade, Rafael Tello, dizia que mais de 50% da receita vinha de negócios verdes. Agora, analistas financeiros e ativistas ambientais questionam se a empresa tem condições de manter esses números com a estrutura de dívida atual.

Para o mercado de sustentabilidade, a situação da Ambipar serve como um alerta. Investidores que alocam recursos em títulos verdes ou em empresas com certificação ambiental podem começar a reavaliar riscos de crédito. A lição aqui é que, apesar das boas intenções e da pegada ecológica, a saúde financeira ainda é o fator decisivo para a sobrevivência de longo prazo.

Vale lembrar que a Ambipar não está sozinha nesse dilema. Outras companhias de serviços ambientais na América Latina também enfrentam pressões de capital, principalmente porque precisam equilibrar a expansão internacional com a necessidade de manter margens saudáveis.

  • Unidades de negócio: emergência, incêndio, marítima, médica, industrial, ambiental.
  • Presença em 41 países, com mais de 10 mil profissionais treinados.
  • Investimento em tecnologia de monitoramento remoto, drones e sistemas de IA para detecção de vazamentos.
  • Desde 2024, mais de 50% da receita declarada como proveniente de atividades verdes.

Os próximos passos da empresa ainda são incertos. O que se espera agora é um plano de reestruturação aprovado pelos credores, possivelmente envolvendo a venda de ativos não‑essenciais ou a emissão de novos títulos para abater a dívida. Enquanto isso, o Conselho de Administração vai precisar provar que a estratégia de negócios ainda tem margem de crescimento, mesmo com os desafios financeiros.

Se você acompanha as notícias de mercado, deve estar se perguntando: será que a Ambipar vai conseguir se reerguer ou vai entrar em um processo de liquidação? A resposta depende de como a empresa negociará com o banco, da velocidade das decisões judiciais e da confiança que o mercado ainda tem na sua capacidade de gerar receitas sustentáveis.

De qualquer forma, o caso da Ambipar deixa claro que o sucesso de uma empresa não pode ser medido apenas por certificados verdes ou prêmios ambientais. A disciplina financeira, a gestão de risco e a transparência perante investidores são pilares tão fundamentais quanto a missão de proteger o meio ambiente.

Enquanto a situação se desenrola, vale a pena ficar de olho nos comunicados oficiais da empresa, nas movimentações da B3 e nas análises de especialistas em crédito corporativo. Acompanhe também o desempenho das demais ações verdes, que podem reagir de forma similar à medida que o mercado recalcula seus modelos de risco.

Em resumo, a Ambipar está num momento de vulnerabilidade inesperada, mas ainda possui uma estrutura e um portfólio que podem ser renegociados. O que vai definir o futuro da companhia é a habilidade de seus gestores em conciliar a agenda de sustentabilidade com uma estratégia financeira robusta.