Ex-meia do Avaí entra na Justiça e cobra R$ 200 mil do clube

Ex-meia do Avaí entra na Justiça e cobra R$ 200 mil do clube

out, 9 2025

Quando Gabriel Mendes, meia e Avaí Futebol Clube ajuizou uma reclamação trabalhista no Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região de Santa Catarina em 9 de outubro de 2024, ele reivindica cerca de R$ 200 mil por salários atrasados e direitos de imagem, referentes ao período de abril a julho daquele ano.

Contexto histórico da relação entre Mendes e o Avaí

Gabriel, de 28 anos, nasceu em 1996 e chegou ao futebol profissional sem passar pelas tradicionais categorias de base – “da várzea”, como costuma dizer. Sua trajetória começou em 2016 no Barcelona Esportivo-SP, clube da quinta divisão paulistana, e passou por Guarulhos FC, Nacional AC, União Suzano e três passagens pelo Atlético Paraibano antes de se destacar no estado de Santa Catarina.

Em 2023, enquanto ainda era titular da segunda divisão do estadual catarinense, foi eleito melhor meia da Série B. O desempenho o atraiu para o Avaí, que o contratou em regime de empréstimo em abril de 2024 para a Série B nacional. O contrato previa salário mensal, bônus por desempenho e pagamento de direitos de imagem.

Detalhes da ação trabalhista

Segundo o advogado Victor Boabaid, a dívida original girava em torno de R$ 60 mil, mas com juros, correção monetária e encargos legais o valor chegou a R$ 200 mil. Boabaid afirmou que houve "várias tentativas de acordo com o Avaí", mas o clube permaneceu "inerte".

A documentação alega que Mendes recebeu apenas 255 minutos em nove partidas, iniciando apenas um jogo e não marcando gols nem assistências. Em 21 de julho, após disputar apenas 21 minutos em duas partidas, ele solicitou a rescisão do contrato, alegando necessidade de cuidar da saúde mental.

O pedido judicial inclui, além dos salários atrasados, a indenização pelos direitos de imagem que eram pagos trimestralmente e nunca foram quitados. Caso o clube seja condenado, o montante pode ainda subir, pois a legislação prevê multas por descumprimento de obrigações trabalhistas.

Reação do Avaí Futebol Clube

O departamento jurídico do Avaí, localizado em Florianópolis, afirmou que ainda não recebeu a citação do processo e que se manifestará oficialmente "quando for notificado". A diretoria tem sido alvo de críticas nos últimos meses, já que outros jogadores – Barreto, Douglas Friedrich e William Pottker – também ingressaram com ações semelhantes contra o clube.

O caso de William Pottker foi particularmente emblemático: a Justiça já determinou que o Avaí pague mais de R$ 1 milhão ao atacante, reforçando a percepção de que o clube está atravessando uma crise financeira que afeta diretamente a folha de pagamento.

Impactos e precedentes no futebol catarinense

Essas demandas têm gerado um efeito cascata. Torcedores começam a questionar a gestão do Avaí, enquanto outros clubes de Série B observam atentamente para evitar repetições. Especialistas em direito esportivo apontam que a falta de regularização salarial pode acarretar sanções da CBF, como perda de pontos ou até mesmo restrição de transferências.

O advogado Boabaid destaca que o caso de Mendes pode servir de alerta para clubes que ainda mantêm contratos com cláusulas pouco claras sobre direitos de imagem. "Quando o pagamento é feito por fora ou com atrasos recorrentes, o risco de ação trabalhista aumenta exponencialmente", explicou.

Próximos passos do processo

Próximos passos do processo

O Tribunal tem um prazo de dez dias úteis para intimar o Avaí, que então terá a oportunidade de apresentar defesa ou buscar uma conciliação. Caso não haja acordo, o processo seguirá para instrução, com produção de provas documentais e eventual audiência de instrução.

Se o juiz entender que há violação das normas trabalhistas, o clube poderá ser condenado a pagar não só o valor principal, mas também multas de mora e honorários advocatícios, o que poderia elevar a dívida para perto de R$ 250 mil.

Antecedentes do jogador e perspectiva futura

Para Gabriel Mendes, a disputa judicial pode ser um ponto de virada. Apesar da pausa no futebol profissional, ele mantém a esperança de retomar a carreira assim que a situação financeira estiver resolvida. "Quero voltar ao campo, mas preciso de segurança", comentou o atleta em entrevista ao nosso portal, pouco antes de ingressar com a ação.

Se o Avaí decidir acertar a dívida antes da sentença, Mendes pode receber o valor em parcelas, o que ainda seria um alívio. Caso contrário, ele poderá buscar um novo clube, talvez em outra região, onde sua reputação de "melhor meia da Série B" ainda vale como cartão de visita.

Fatos principais

  • Reclamação apresentada em 9/10/2024 no Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região de SC.
  • Valor reclamado: aproximadamente R$ 200 mil (salários + direitos de imagem).
  • Período de vínculo: abril a julho de 2024, com 9 jogos e 255 minutos em campo.
  • Outros jogadores do Avaí já têm processos em curso, inclusive William Pottker, vencedor de ação de mais de R$ 1 milhão.
  • O Avaí ainda não recebeu a citação e tem 10 dias úteis para responder.

Perguntas Frequentes

Quanto Gabriel Mendes pode receber se vencer a ação?

O valor base da reclamação é de R$ 200 mil, mas caso o juiz aplique multas por atraso e honorários advocatícios, a quantia total pode ultrapassar os R$ 250 mil.

Por que outros jogadores também estão processando o Avaí?

Vários atletas alegam atrasos crônicos nos salários e no pagamento de direitos de imagem. A crise financeira do clube tem dificultado o cumprimento dos contratos, levando a múltiplas ações trabalhistas.

Qual o prazo para o Avaí responder ao processo?

Após a citação oficial, o clube tem dez dias úteis para apresentar defesa ou propor conciliação, conforme determina o regimento do Tribunal Regional do Trabalho.

O que pode acontecer com o Avaí se perder a ação?

Além do pagamento da dívida, o clube pode ser penalizado com multas adicionais, honorários de sucumbência e até sanções da CBF, como restrição de registro de novos jogadores.

Como a situação de Mendes afeta sua carreira?

A pausa forçada e a disputa judicial podem atrasar seu retorno ao futebol, mas também dão visibilidade ao problema dos atrasos salariais, o que pode atrair clubes que valorizam transparência nos pagamentos.

7 Comentários

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    Jéssica Farias NUNES

    outubro 9, 2025 AT 13:39

    É deveras fascinante observar como a elite do futebol se empenha em perpetuar a própria impunidade, revestindo-a de discursos inflados de moralidade. Quando o Avaí ignora pagamentos, não é mera inadimplência, mas uma demonstração de supremacia administrativa. Evidentemente, a situação de Gabriel Mendes deveria servir de exemplo para a elite esportiva que prefere o silêncio ao cumprimento de obrigações. O discurso moralista que ecoa nos bastidores apenas encobre a falência ética dos dirigentes. Em resumo, o clube está praticando uma forma de tirania financeira que deveria ser condenada em termos jurídicos e morais.

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    Elis Coelho

    outubro 17, 2025 AT 01:39

    O que poucos percebem é que há uma conspiração silenciosa dentro da administração do clube para desviar recursos e silenciar jogadores. Documentos mostram que os pagamentos são manipulados por intermediários desconhecidos. Essa prática, embora disfarçada de regularidade, viola normas trabalhistas e pode acarretar sanções severas. A população precisa estar atenta a esses desvios encobertos.

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    Paula Athayde

    outubro 24, 2025 AT 13:39

    🇧🇷 O futebol brasileiro sempre foi palco de injustiças e o Avaí não é exceção! 😡 A classe trabalhadora dos atletas merece respeito, não exploração! Se o clube continuar assim, vai perder o apoio da nação! 🚩

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    Ageu Dantas

    novembro 1, 2025 AT 01:39

    Olha só, mais um caso de promessa vazia e pagamento atrasado que deixa o jogador em desespero. A esperança de fazer carreira vira um drama digno de novela das oito. O que me perturba é a indiferença do clube, como se a vida do atleta fosse descartável. É lamentável ver quanto talento é desperdiçado por falta de respeito. O drama não termina aqui: ele ainda tem que lutar na justiça para receber o que lhe é devido. E ainda tem que cuidar da saúde mental nesse processo incrível, que é tudo menos gratificante.

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    Bruno Maia Demasi

    novembro 8, 2025 AT 13:39

    É realmente intrigante como a dialética entre a suposta meritocracia esportiva e a crua realidade jurídica se desdobra neste caso. Quando analisamos o contrato de Gabriel Mendes à luz da teoria dos contratos incompletos, percebemos que o clube opera dentro de um vácuo normativo que ele próprio ajudou a criar. A cláusula de direitos de imagem, por exemplo, representa mais uma externalidade negativa que se manifesta em forma de inadimplência crônica. A lógica perversa aqui é que o Avaí, ao deixar de honrar esses compromissos, cria um precedente que deprecia todo o mercado de transferências. Em termos de economia comportamental, a aversão à perda – tanto dos jogadores quanto dos credores – gera um ciclo de retroalimentação negativa que pode culminar em sanções da CBF. Se considerarmos a perspectiva de direito comparado, vemos que clubes de países com maior regulação sofreram penalidades mais sérias, o que nos indica um caminho a ser seguido. Ademais, a jurisprudência recente sobre dívidas trabalhistas no esporte revela que as cortes estão cada vez mais dispostas a aplicar multas punitivas, o que poderia elevar a dívida para além de R$ 250 mil. Por outro lado, a estratégia de defesa do clube parece se basear em dilação processual, ou seja, um “delay” tático que visa esgotar a paciência do atleta. Essa prática, embora comum, é eticamente questionável e juridicamente arriscada. Portanto, se a entidade não reconsiderar sua postura e buscar uma conciliação precoce, corre o risco de sofrer um golpe de efeito dominó: sanções econômicas, diminuição da credibilidade no mercado e, possivelmente, restrição nas inscrições de novos atletas. Em síntese, o caso de Mendes transcende o individual e se torna um espelho da fragilidade institucional do futebol catarinense, clamando por uma reforma profunda nas práticas contratuais e de governança.

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    Rafaela Gonçalves Correia

    novembro 16, 2025 AT 01:39

    Caros leitores, permitam-me analisar a situação sob a ótica de um observador cético, mas sempre disposto a questionar as narrativas oficiais. Primeiramente, a suposta ‘crise financeira’ do Avaí pode não ser apenas uma consequência de má gestão, mas parte de um esquema maior envolvendo organismos de controle que pretendem manipular o mercado de jogadores para favorecer determinados grupos. Se considerarmos que a transparência dos registros de pagamento é seletiva, percebe‑se que as alegações de atrasos podem ser, em parte, estratégias de pressão para forçar acordos extrajudiciais vantajosos ao clube. Além disso, a escolha de Gabriel Mendes como peça central desse processo parece pouco aleatória, visto que ele ocupa um perfil ideal para gerar empatia pública sem, contudo, comprometer interesses mais profundos. Por fim, ao observar a reação do departamento jurídico do Avaí, nota‑se uma postura evasiva que poderia indicar que o clube tem conhecimento prévio de outras ações semelhantes que ainda não foram divulgadas ao público. Em síntese, o caso pode ser mais complexo do que simplesmente uma disputa trabalhista; pode envolver dinâmicas de poder que atravessam o próprio esporte.

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    Davi Gomes

    novembro 23, 2025 AT 13:39

    Vamos torcer para que a justiça seja feita e que o Mendes receba o que lhe é devido. O exemplo pode inspirar outros jogadores a reivindicar seus direitos.

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