René Simões aconselha Endrick e relembra polêmica com Neymar: 'Aceite o banco, meu filho'

René Simões aconselha Endrick e relembra polêmica com Neymar: 'Aceite o banco, meu filho'

nov, 16 2025

Quando René Rodrigues Simões falou ao vivo com o GE Globo em novembro de 2025, ninguém esperava que ele voltasse à polêmica que marcou uma geração — e que, hoje, ecoa com uma nova geração. O treinador de 72 anos, hoje atuando como mental coach para jogadores e técnicos como Filipe Luís Kasmirski do Clube de Regatas do Flamengo, não se limitou a dar dicas de desempenho. Ele fez uma ponte entre o passado e o futuro do futebol brasileiro. E a mensagem foi direta: Endrick precisa aprender a sentar no banco. 'Aceite o banco, meu filho, você é muito novo para decidir se tem que ser titular do Real Madrid ou não'. A frase, simples e dura, não foi um ataque. Foi um soco no peito de quem pensa que talento basta.

Um conselho que veio de 2010

A polêmica entre René Simões e Neymar da Silva Santos Júnior começou em 2010, durante um jogo entre Atlético Clube Goianiense e Santos Futebol Clube. O jovem Neymar, então com 18 anos, desobedeceu o técnico Dorival Júnior e queria cobrar um pênalti. Perdeu. E perdeu também a chance de mostrar maturidade. Simões, que comandava o Atlético-GO na época, não poupou palavras: 'Estamos criando um monstro no futebol brasileiro'. A frase virou manchete. Virou meme. Virou referência. E, até hoje, ele não se arrepende. "Foi um momento de alerta. Não era sobre o pênalti. Era sobre respeito. Sobre o que a gente ensina aos jovens", disse ele em entrevista ao Jogada10.

Endrick e o peso da expectativa

Hoje, Endrick Felipe Moreira de Sousa, de apenas 18 anos, vive o mesmo tipo de pressão — só que em outro nível. Transferido pelo Sociedade Esportiva Palmeiras para o Real Madrid Club de Fútbol em 2024, o garoto foi tratado como o próximo fenômeno. Mas o futebol europeu não é o Brasileirão. A pressão é maior. A concorrência, mais feroz. E o técnico Carlo Ancelotti não é o mesmo que dá espaço por emoção. Endrick já entrou em sete jogos da La Liga, mas só começou dois. Não marcou. Não brilhou. Mas também não reclamou. E é aí que Simões entra. 'O jogador não pode sentar e cruzar os braços. Tem que observar, aprender, se preparar. O banco não é castigo. É escola', afirmou ele, com o olhar de quem já viu muitos talentos se perderem por orgulho.

Neymar: entre lesões, críticas e a Copa de 2026

Enquanto isso, Neymar, agora com 33 anos, luta para manter o ritmo no Santos Futebol Clube. As lesões se acumulam. As críticas também. E a Seleção Brasileira? Ele ainda tem espaço? Simões não respondeu diretamente — mas deu a chave: 'A primeira pergunta que ele precisa fazer é: eu quero mesmo jogar a Copa de 2026?'. A resposta, ele sabe, não é técnica. É emocional. É de vontade. É de humildade. Porque, como ele lembrou, Neymar já foi o menino que desafiou o treinador. Hoje, é o jogador que pode ser o líder — se quiser.

Um homem que nunca mudou de opinião

Um homem que nunca mudou de opinião

Simões não é o tipo de treinador que se adapta ao vento. Em 2019, ele disse que Bruno Henrique do Flamengo era tecnicamente superior a Cristiano Ronaldo. A resposta foi caótica. Mas ele não recuou. "Comparar títulos é fácil. Comparar técnica é mais difícil. E o Bruno tem mais habilidade com a bola no pé do que o Ronaldo tinha aos 25 anos", disse ele ao GE Globo. Essa é a essência de Simões: ele vê o jogo com os olhos da técnica, não da mídia. E acredita que o futebol moderno está perdendo o rumo — não por falta de talento, mas por falta de caráter.

O que vem a seguir?

A Copa do Mundo de 2026, que acontecerá entre a Copa do Mundo de 2026Estados Unidos, Canadá e México, será um teste de fogo para a nova geração. Endrick, com seu talento bruto, precisa aprender a ser paciente. Neymar, com sua experiência, precisa decidir se ainda quer carregar a camisa 10. E Simões? Ele vai continuar sentado na arquibancada, observando, falando, ensinando. Sem medo de ser incômodo. Porque, para ele, o futebol não é só sobre gols. É sobre quem você se torna quando ninguém está olhando.

Frequently Asked Questions

Por que René Simões acha que Endrick deve aceitar o banco no Real Madrid?

Simões acredita que Endrick, aos 18 anos, ainda está em fase de aprendizado. No Real Madrid, o banco não é punição — é observação. Jogadores como Modrić e Kroos começaram como substitutos e se tornaram lendas. Aprender o ritmo da Liga dos Campeões, entender o posicionamento dos titulares e desenvolver paciência é mais valioso do que jogar 20 minutos por jogo. O técnico é quem decide, não o jogador.

Neymar ainda tem chance de voltar à Seleção Brasileira em 2026?

Tecnicamente, sim. Mas Simões destaca que a decisão não é de técnica, e sim de desejo. Neymar precisa querer, de verdade, sacrificar sua rotina, se recuperar das lesões e se adaptar ao sistema da seleção. Ele já tem 33 anos, muitas lesões e uma vida fora de campo muito diferente da de jogadores como Vinícius Júnior. A seleção precisa de liderança — mas só se ele estiver disposto a ser um jogador, e não um ícone.

Qual foi o impacto das críticas de Simões a Neymar em 2010?

As declarações de Simões geraram um debate nacional sobre a formação de jovens atletas. O Santos passou a investir mais em educação comportamental. A CBF criou programas de orientação psicológica para categorias de base. E Neymar, anos depois, admitiu em entrevista que aquilo o fez refletir — embora nunca tenha se desculpado publicamente. A crítica, por mais dura que fosse, mudou o cenário.

Como Simões lida com as críticas por suas opiniões polêmicas?

Ele diz que não busca popularidade, mas verdade. Comparar Bruno Henrique com Ronaldo ou dizer que Neymar era um "monstro" nunca foi para gerar polêmica — foi para chamar atenção para o que ele vê como desrespeito ao esporte. Ele se considera um professor, não um comentarista. E como professor, prefere ser incomodado a ser silencioso quando algo está errado.

O que mudou no futebol brasileiro desde 2010, segundo Simões?

Segundo ele, o futebol virou negócio antes de ser esporte. Jovens são vendidos aos 16 anos, pressionados a vender imagem, e não a desenvolver caráter. O que ele vê hoje é um exército de jogadores talentosos, mas frágeis emocionalmente. "Temos mais estrelas, mas menos líderes. Mais dinheiro, mas menos respeito. E isso vai custar caro no futuro".

Simões ainda tem contato com Neymar ou Endrick?

Ele só enviou uma carta a Neymar, em 2011, e nunca mais teve contato direto. Com Endrick, não tem relação pessoal — mas disse que, se o garoto quiser conversar, está disponível. "Não estou aqui para ser amigo. Estou aqui para ser honesto. Se ele quiser ouvir, eu estou aqui. Se não quiser, também está tudo bem".