Surto de metanol: 195 casos e 13 mortes no Brasil; São Paulo lidera

Surto de metanol: 195 casos e 13 mortes no Brasil; São Paulo lidera

out, 6 2025

O Ministério da Saúde confirmou, neste sábado (4 de outubro de 2025), 195 notificações de intoxicação por metanol em todo o país, com 13 óbitos registrados até o momento. O alerta veio após o aumento abrupto de casos desde o final de agosto, principalmente em São Paulo, onde foram contabilizadas 162 notificações. O responsável pela resposta federal, o ministro Alexandre Padilha, anunciou medidas emergenciais de fornecimento de antídotos e reforço de laboratórios para diagnóstico.

Contexto e início do surto

O que começou como uma série de casos isolados nas capitais do Sudeste rapidamente se transformou em um problema nacional. Segundo o Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS), as primeiras notificações surgiram no fim de agosto, quando laboratórios de toxicologia detectaram metanol em amostras de bebidas alcoólicas vendidas de forma irregular. O metanol, um álcool industrial altamente tóxico, costuma ser usado em solventes e não tem lugar em bebidas destinadas ao consumo humano.

Dados oficiais e distribuição dos casos

Até 16h de sábado, 14 casos foram confirmados laboratorialmente; os demais 181 continuam sob investigação. A distribuição geográfica evidencia a amplitude do problema: além de São Paulo, há notificações em Pernambuco (7 mortes), Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Piauí. Cada estado enviou relatórios ao CIEVS, que consolida as informações para as autoridades federais.

Resposta do governo federal

Em 30 de setembro de 2025, o Ministério da Saúde já havia emitido um alerta nacional após a confirmação de três mortes pelo Laboratório de Toxicologia Analítica do CIATox‑Campinas. Agora, o ministro Alexandre Padilha autorizou a compra emergencial de 12 mil unidades de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, medicamentos‑antídotos estabelecidos para impedir a conversão do metanol em ácido fórmico, a principal causa da lesão ocular e sistêmica.

A distribuição começou imediatamente: o Distrito Federal foi o primeiro a receber 90 ampolas de etanol farmacêutico, seguido por São Paulo, Pernambuco e outros estados que solicitaram reforço de estoque. Além disso, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) ativou três unidades capazes de analisar rapidamente amostras suspeitas – o Lacen‑DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).

Impacto na saúde e tratamento

Impacto na saúde e tratamento

O metanol, ao ser ingerido, é metabolizado em formaldeído e depois em ácido fórmico, que ataca o trato visual e o sistema nervoso central. Os sintomas costumam aparecer entre 12 e 24 horas após o consumo: dor de cabeça, tontura, náuseas, visão turva que pode evoluir para cegueira permanente e, nos casos mais graves, insuficiência renal e morte.

Os protocolos recomendados incluem a administração precoce de etanol ou fomepizol, que competem com o metanol pela enzima álcool desidrogenase, reduzindo a produção de metabólitos tóxicos. Em paralelo, pacientes recebem suporte ventilatório, reposição de ácido base e hemodiálise quando necessário. Até agora, hospitais em São Paulo relataram alta taxa de internação, mas a mortalidade ainda supera os 6% nos casos confirmados.

Próximos passos e prevenção

As autoridades reforçam a necessidade de notificação imediata de qualquer suspeita de intoxicação por metanol. O Ministério da Saúde está planejando campanhas de informação nas mídias regionais, alertando sobre o risco de consumir bebidas de procedência duvidosa, especialmente “cachaças artesanais” vendidas em mercados informais.

Especialistas sugerem que a fiscalização de produção artesanal seja aprimorada, com inspeções mais frequentes e a exigência de selos de qualidade. Enquanto isso, consumidores podem se proteger verificando a procedência da bebida, observando o rótulo e evitando preços muito abaixo do mercado.

Perguntas Frequentes

Como a intoxicação por metanol afeta a visão?

O metanol gera ácido fórmico, que destrói a camada de proteína do nervo óptico, levando à visão turva, cegueira parcial ou total em até 48 horas se não houver tratamento adequado.

Quais são os antídotos disponíveis no Brasil?

O Ministério da Saúde providenciou etanol farmacêutico e fomepizol. Ambos inibem a enzima que transforma metanol em metabólitos tóxicos, sendo essenciais nas primeiras horas após a ingestão.

Quem está mais vulnerável ao surto?

Consumidores de bebidas alcoólicas informais, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste, têm maior risco, já que falsificadores costumam misturar metanol em lotes de cachaça barata.

Qual foi o papel dos laboratórios na contenção do surto?

Laboratórios como o Lacen‑DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o INCQS/Fiocruz aceleraram análises químicas, permitindo confirmar a presença de metanol em menos de 24h e orientar o tratamento adequado.

O que o Ministério da Saúde recomenda para evitar novos casos?

Denunciar bebidas suspeitas, buscar sempre produtos com selo de procedência, e, em caso de sintomas, procurar imediatamente um serviço de saúde. O alerta nacional permanece em vigor.

1 Comentários

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    Ariadne Pereira Alves

    outubro 6, 2025 AT 00:44

    É fundamental que a população esteja atenta aos sinais de intoxicação por metanol; os sintomas iniciais costumam incluir dor de cabeça, náuseas, tontura e, sobretudo, visão turva, que pode evoluir rapidamente para cegueira permanente se não houver tratamento adequado. O tratamento precoce com etanol ou fomepizol tem eficácia comprovada, pois compete com o metanol pela enzima álcool desidrogenase, reduzindo a produção de ácido fórmico. Recomenda‑se, portanto, que qualquer pessoa que suspeite de consumo de bebida não regulamentada busque imediatamente atendimento médico, informe ao profissional de saúde sobre a ingestão e, se possível, leve a amostra da bebida para análise laboratorial. Além disso, a denúncia de estabelecimentos que comercializam bebidas suspeitas à Vigilância Sanitária ajuda a prevenir novos casos e a conter o surto.

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